Quem é Marcelão?
Nome: Marcelo Faria Ferreira
Nome artístico: Marcelão
Onde nasceu: Rio de Janeiro
Instrumento: Bateria
Formação Profissional: Pro Arte
Um pouco sobre Marcelão
Minhas primeiras lembranças musicais tem a ver com meu pai chegando em casa com compactos de Frank Sinatra ou Elis Regina e eu, então com 5 anos, ficando alucinado com a sensação que a música provocava em minha alma.
Nos tempos de ginásio, Beatles e Led Zeppelin começaram a entrar na minha vida. Falo nesses dois, porque um representava para mim as melodias mais singelas e grudentas, enquanto o monstro de chumbo era o lado experimental dos sons. Também comecei a ter aulas de violão clássico, o que certamente abriram minha cabeça para outras fronteiras e possibilidades musicais.
No Rio de janeiro, nessa época (1976), havia uma rádio chamada Eldo Pop, que era especializada em hard rock e rock progressivo. Essa rádio formou no Rio uma geração de aficionados por estes estilo e certamente deixou sua marca em mim pra sempre. Lembro-me do dia em que meu professor de violão chegou na minha casa para me dar aula e encontrou, imponente num canto do quarto, minha primeira batera, uma Pinguim. Ele sacou que seria uma questão de tempo para que essa paixão definitivamente se instalasse em mim. Menos de um ano depois, abandonei o violão e já sonhava com uma carreira musical como baterista.
Em 1980, passei para a faculdade de jornalismo no segundo semestre, tendo assim quase um ano inteiro pela frente sem nada em vista. Tive a chance de ir aperfeiçoar meu inglês indo estudar e ficando esse ano morando na Califórnia. Estava com meus 18 anos e shows como Frank Zappa, Robin Trower, UFO, Todd Rundgren’s Utopia e The Who imprimiram em mim o gosto definitivo pelos palcos. A volta ao Brasil foi um pouco dura em contrastes, mas na faculdade me achei com uma galera de músicos que tornava minha realidade mais amena. Entrei para a banda de heavy metal Dorsal Atlântica e com isso pude ter um incentivo prático para lapidar tecnicamente minha veia rock’n’roll. Essa experiência, embora fantástica, não durou muito, e logo me via devorando livros de técnica, tendo aulas de batera com Pascoal Meireles, Bob Wyatt e Joca Moraes.
A seguir pude tocar com Celso Blues Boy, Zé da Gaita e com uma série de bandas da cena carioca de rock e blues.
Pouco depois veio um boom de bandas instrumentais de fusion e eu, louco para tocar todas as notas possíveis, me divertia muito com elas!
Então surgiu a oportunidade de entrar na banda que acompanhava o Léo Jaime, Os Melhores, que estava se separando dele e lançando um álbum de inéditas.
Foi bem legal por um tempo e o trabalho com eles me levou a me juntar a um grupo que estava em primeiro lugar nas rádios com a musica “Mama Maria”, chamado Grafite. A agenda da banda estava lotada por conta desse estouro, e eu me diverti muito com eles por quase três anos de viagens incríveis por esse Brasil.
Certo dia de 1987, estava em casa bem tranquilo, quando de repente meu telefone tocou. Era o “guitar hero” Robertinho do Recife! Ele me chamou para uma audição para formar uma banda brasileira de Arena Rock. Juntou a fome com a vontade de comer! Fui a uma casa deslumbrante na avenida Niemeyer, local de ensaio para o projeto, onde o Robertinho explicou que queria uma banda com sonoridade Def Leppard, Whitesnake e Van Halen. Ela se chamaria Yahoo, segundo ele uma palavra de sonoridade mundial. Ele se interessou pelo meu estilo devido ao trabalho de pedal duplo que havia observado em outras situações. Nessa época, o Robertinho estava com duas frentes bem interessante para o Yahoo. Uma era uma audição em Miami, a convite de um de um empresário americano para montar uma banda de rock com origem latina. Ele estava com as passagens compradas para dali um mês. A outra frente era gravar algumas músicas em português para o mercado brasileiro. Dentre essas canções estava a “Mordida de Amor”. Outra canção que compusemos teve uma história engraçada. Tínhamos um bom relacionamento com Renato Russo. Pedimos para ele fazer uma letra para uma melodia nossa. Ele topou. Semanas se passaram até ele ligar dizendo que estava com um problema sério com a letra, que se ficasse boa, ia querer usar no Legião Urbana, e que se não ficasse legal, tampouco iria liberar. Achamos bem engraçada a história, era a cara do Renato, e demos a letra para o Evandro Mesquita fazer, que virou a canção “No País do Nada”, do nosso primeiro LP.
Na audição dos EUA, encontramos uma estrutura impressionante, ficamos hospedados em uma mansão com um estúdio de ensaio e instrumentos que nem imaginávamos. Se precisássemos de algo que não estivesse ali, era providenciado em instantes. A audição ocorreu bem. Fomos aprovados e ficamos de voltar ao brasil, fazer as malas e rumar meio que definitivamente de volta a Miami. Aconteceu que nesse meio-tempo, no Brasil, as músicas que havíamos gravado foram deixadas com um diretor da TV Globo para tentar encaixá-las numa novela. Acreditávamos muito em “No País do Nada”, a primeira música da nossa fita cassete demo que estava sendo ouvida na Globo para definir a trilha musical da novela “Bebê a Bordo”, de 1988. Quando a música tocou, não ouve grande empolgação, mas ninguém desligou o gravador, e quando ecoaram os primeiros acordes de “Mordida de Amor” todo mundo falou: “É dessa que estávamos precisando!” A música estourou em pouco tempo em todo Brasil. Em questão de dias assinamos contrato com a EMI e adiamos nossa história internacional.
Posso dizer que a minha vida profissional pode ser dividida entre antes e depois do Yahoo. Tive a chance de aprender muito com um dos maiores músicos do mundo, fiz amizades dentro da banda que são eternas, e conheci o Brasil de ponta a ponta. O Yahoo também me proporcionou a oportunidade de ter meu estúdio de gravação e de me aperfeiçoar na arte de compor, produzir, arranjar e ser empresário da área musical.
A Banda lançou 6 discos pela EMI e mais 5 por diversas gravadoras. Tivemos mais de 10 músicas em novela, vendemos muitos discos e nunca paramos de fazer shows, que é uma das coisas que mais amo fazer na vida. Mesmo com a agenda bem intensa do estúdio, poder mostrar minha música ao vivo para pessoas que, de alguma maneira, querem trocar essa experiência musical com a banda, até hoje me deixa muito realizado.
Como o tempo não para, percebemos somente no final do ano de 2012, que em 2013 a banda completaria 25 anos, e essa data não poderia passar em branco. Resolvemos focar em compor material novo para um disco de inéditas, o pirmeiro em mais de dez anos. Escolhemos para produzir o PH Castanheira, amigo de longa data tendo trabalhado com Léo Jaime (Sessão da Tarde), Lobão (Vida Bandida), Lulu Santos e Capital Inicial, apenas para citar alguns. De uma forma natural, nossas composições e sonoridade foram para o lado mais rock. Sem forçar nada, estávamos soando como nosso primeiro disco, com duas guitarras, baixo e batera na formação!!! Como nada acontece por acaso, tivemos uma proposta para testar no estúdio um equipamento de gravação chamado Clasp. Os recentes discos do Kiss e do Aerosmith foram gravados com ele. É um equipamento que permite que se grave utilizando uma máquina de 24 canais, com sua sonoridade peculiar, especialmente nos graves, que é inigualável, ainda mais tratando-se de rock ‘n’ roll.
Não tem jeito: em se tratando de rock, a tecnologia de ponta faz parte do som das bandas. É uma espécie de linguagem, forjada através dos tempos, e o som da fita, com todos os seus harmônicos, faz parte desse universo sonoro. Estou muito contente com esse disco e espero que ele possa representar bem os 25 anos da Banda.
Artistas
Os Melhores
Grafite
Celso Blues Boy
Yahoo